Uma questão de coerência
Resistiu, até esta segunda-feira, o Sport Lisboa e Benfica a entrar numa discussão que entendeu ser natural num primeiro momento, mas que no tempo e no tom em que a mesma se está a prolongar é completamente absurda e merece repúdio.
Sejamos sérios. Há lances de dúvida no jogo? Claro que há, como há em todos os jogos com a intensidade em que decorreu o jogo do passado sábado. Os lances duvidosos repartiram-se, mas os reparos e acusações limitaram-se a apontar, de forma parcial, prejuízos apenas para o Sporting Clube de Portugal.
É claro que a omissão, por parte do operador televisivo, da linha virtual em alguns casos e da má colocação da mesma em outros também contribuiu para desvirtuar a análise de alguns lances.
A discussão faz parte do Futebol e por isso é legítimo que o Sporting peça os relatórios que entender sobre o jogo, e que disso dê publicidade nos jornais que entende, mas seria coerente que pedissem, com a mesma indignação que publicamente têm exibido, os relatórios do jogo com o Benfica em Alvalade, com a Académica em Coimbra, com o Olhanense no Algarve e com o Marítimo, também em Alvalade.
Não podemos reclamar apenas de algumas cenas do filme, temos de ser coerentes e ter memória do filme todo. Quando assim não acontece perdemos credibilidade e ficamos reféns da demagogia e do mais primário populismo.
Quantas vezes já vimos alguns directores, editores ou articulistas de jornais escreverem e condenarem o excesso de protagonismo que os dirigentes assumem em detrimento dos jogadores? E do absurdo de discutir as arbitragens da forma como se discutem em detrimento do jogo?
Pois bem, os jornais e os seus directores têm toda a legitimidade de definir a linha editorial, os editores e opinadores têm todo o direito em assumir o que bem entenderem, mas uma vez percorrido este caminho não podem, no futuro, estes mesmos responsáveis voltar a cair na tentação hipócrita de criticar este tipo de comportamento por parte dos dirigentes desportivos, dada a forma como estão a dar eco de algumas declarações irresponsáveis.
Registe-se, ainda, que não houve da parte de nenhum dirigente do Benfica qualquer palavra desrespeitosa em relação a algum profissional do Sporting. Não é admissível, por isso, que o presidente do Sporting, pela segunda vez, se dirija da forma que se dirigiu ao treinador do Sport Lisboa e Benfica. A liberdade de expressão tem fronteiras que devem ser respeitadas. Não é por gritar mais alto nem por insultar mais vezes que se ganha a razão.
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